Roteiro de 4 dias no Jalapão
- Clarissa Motta
- há 5 dias
- 4 min de leitura
Atualizado: há 4 dias
Essa viagem foi feita junto à empresa Veredas do Jalapão, em um pacote que inclui hospedagem, guia, entrada em todas as atrações e refeições (café da manhã, almoço e jantar - sem bebidas alcoólicas). Para mim, conhecer o Jalapão foi como mergulhar na cultura do meu país de forma completa. Os cheiros, sabores, o serrado, as veredas, as aves, ver o quanto ainda há locais preservados pela natureza... foi demais!
Vale ressaltar que esse roteiro inclui muitas horas dentro de uma 4x4, já que os locais que visitamos ainda são muito remotos e preservados.
Como você passa muito tempo dentro do carro e eu sou uma pessoa bem curiosa, fiz muitas perguntas e descobri duas coisas que me chamaram muita atenção:
O cerrado é um bioma único que depende do fogo para manter seu equilíbrio ecológico. "O cerrado precisa pegar fogo para os animais se alimentarem" é uma frase que resume bem essa dinâmica. Após os incêndios, plantas como a canela-de-ema renascem, proporcionando alimento e abrigo para a fauna local.
As veredas são áreas úmidas que alimentam os córregos, essenciais para a biodiversidade do cerrado. Elas são verdadeiros oásis que sustentam a vida em meio à vegetação seca. É nela que nascem os Buritis. "O artesanato e a ornamentação se valem da riqueza e beleza desta planta. A madeira pode ser utilizada em áreas externas da casa, as fibras de suas folhas podem ser utilizadas na confecção de esteiras, cordas e chapéus. Sua amêndoa resistente também é utilizada para pequenas esculturas. O fruto do buriti é rico em vitamina C e é um alimento energético." via cerratinga.org.br.
Agora vamos para o roteiro da viagem:
Dia 1: Prainha do Rio Novo & Fervedouro Buritis
Antes de tudo, paramos em uma comunidade quilombola para comer a comida mais saborosa feita em fogo a lenha. O prato principal por lá é no geral salada, macarrão ou arroz, carne de panela (tudo feito com um tempero bem específico e maravilhoso!)
Depois, seguimos para a Prainha do Rio Novo. O rio conta com uma correnteza bem forte, por isso o espaço é delimitado. Mas o banho de rio segue sendo maravilhoso!
Depois foi a hora de visitar o Fervedouro Buritis, onde conheci a história fascinante de seu Lino. Conversando com ele, descobri como ele encontrou um fervedouro dentro do seu quilombo. "A banana gosta de água morna, ai deu banana demais. Ai eu disse, moça, vou explorar esse espaço e abrir um fervedouro. Entrei com um facão, e abri o espaço."
Os fervedouros do Jalapão são um fenômeno natural fascinante e único no Brasil. Eles surgem a partir de nascentes de rios subterrâneos que afloram na superfície, formando piscinas naturais de águas cristalinas. A pressão da água que brota do solo é tão grande que impede que as pessoas afundem, criando uma sensação de flutuação constante. É impressionante a sensação de pisar na areia clarinha desse lugar!
Terminamos o dia na cidade de Mateiros, jantando no aconchegante Restaurante da Rosa.
Dia 2: Dunas, Cabana da Jane & Cachoeira da Formiga
O dia começou explorando as Dunas do Jalapão, uma das atrações mais icônicas do Parque Estadual do Jalapão. Formadas pela erosão das rochas de arenito da Serra do Espírito Santo, essas dunas de areia dourada criam um cenário deslumbrante, e o mais louco, no meio de um serrado cercado de verde! Logo ao lado está a Árvore dos Desejos, uma fábula escrita por Katherine Applegate. A história gira em torno de Red, um carvalho centenário que, a cada ano, no dia 1º de maio, recebe fitas e tiras de tecido com desejos e sonhos das pessoas.
Fomos visitar a Cabana da Jane, uma loja de artesanato localizada na Comunidade Carrapato, em Mateiros, Tocantins. Eles são conhecidos por seus produtos feitos de capim dourado, uma planta nativa da região do Jalapão.
Partimos para a Cachoeira da Formiga, com uma água transparente que te abraça. Há uma queda de aproximadamente dois metros, criando uma espécie de hidromassagem natural - fui conferir e é bom demais!
O dia terminou no Fervedouro Jatobá, onde pude provar uma IPA local e a famosa bebida Jalapão. O espaço conta com sua excelente estrutura e um fervedouro!
Dia 3: Cachoeira das Araras & Serra da Catedral
Recebi o presente de ser a primeira pessoa a chegar na Cachoeira das Araras. Mais uma cachoeira com água cristalinas e uma queda d'água que massageia a alma. Logo ao lado da queda d'água ainda descobri uma argila rosa que deixou a pele lisinha! Passamos a manhã toda nesse local e fui surpreendida por uma comida saudável e cheia de sabor do restaurante local.
Paramos para fotografar a Serra da Catedral de longe já que a área é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), e o fechamento é necessário para proteger a vegetação nativa e a fauna local. Dormimos em Ponte Alta.
Dia 4: Cânion do Susuobara, Lagoa do Japonês & Pedra Furada
Novamente fui a primeira a visitar o Cânion Sussuapara, com suas paredes de arenito avermelhado e vegetação exuberante, o cânion proporciona uma experiência única de contato com a natureza já que a água que escorre pelos paredões do cânion vem diretamente dos lençóis freáticos, criando um ambiente sempre úmido e favorecendo a presença de musgos e outras plantas.
A segunda parada do dia foi na Lagoa do Japonês, um verdadeiro paraíso natural com suas águas cristalinas. A lagoa é cercada por formações rochosas pontiagudas, que foram esculpidas pela natureza ao longo dos séculos. Por conta dessas formações, precisamos alugar sapatos apropriados para garantir a segurança. Além disso, a lagoa possui grutas impressionante com raízes que caem da base da gruta, que adiciona ainda mais beleza ao ambiente.
Finalizamos a viagem na Pedra Furada, uma formação rochosa conhecida pelo seu silêncio, que é ocasionalmente quebrado pelo som dos pássaros, especialmente araras e papagaios (o som é impressionante!). Além disso, é comum encontrar abelhas na área, especialmente durante o final do dia
Vale ressaltar que durante toda a viagem eles pedem para não usarmos protetor solar ou repelente ao visitar os locais para deixarmos o ambiente o mais natural possível.
Sigo maravilhada com o que meus olhos viram e meu paladar apreciou!
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